Vemos, ouvimos e lemos. Não podemos ignorar!

Pontes & Muros, 20 de maio de 2024

Pontes & Muros, 20 de maio de 2024

Vemos, ouvimos e lemos. Não podemos continuar a ignorar.

Será que atingimos o ponto de não retorno? Há um ataque, bárbaro e organizado (logo, pensado), a um conjunto de seres humanos. E a indignação dura um dia, com reações absolutamente inacreditáveis, todas a querer contextualizar o que apenas deve ser firmemente condenado.

Será que atingimos o ponto de não retorno? Há um ataque a um ser humano, com nove anos, filmado, organizado (logo, pensado). E a indignação dura, novamente, um dia, com reações típicas de uma comissão de inquérito da Assembleia da República. “Não sei, não vi, não me lembro.”

Será que atingimos o ponto de não retorno? Talvez estejamos mesmo à beira do precipício. E a disponibilidade (coletiva), para darmos o passo em frente, é total!

Assobiar para o ar, desviar o olhar, trocar de passeio são as atitudes mais confortáveis, principalmente se nos considerarmos o centro do mundo, à volta de quem tudo gira. Ora, ora… O mundo não funciona assim, todos somos parte de uma comunidade que de todos precisa, que só funciona com todos. E, embora não sejam precisas demonstrações disso… O que seria de nós sem imigrantes a trabalhar a terra? Sim, aquilo que comemos todos os dias, produzido em Portugal ou num qualquer outro país, dito desenvolvido, em especial na Europa, existe graças ao trabalho de imigrantes. Quantas gerações de portugueses foram à apanha da laranja em Espanha? E para os campos dos Países Baixos? E para a indústria pesqueira na Noruega?

É difícil perceber que sociedade se quer construir quando o Presidente da República se perde em teorias sobre a nacionalidade asiática de parte (pequena) da imigração. Ou quando o Presidente da Câmara Municipal do Porto acha que extinguir um organismo é a resposta a invasões, pauladas e destruição apenas e só motivadas por ódio. Quando se reage com boas novas de mais polícia a rondar as escolas para evitar agressões de crianças a crianças. É difícil perceber.

Não há respostas definitivas, nem soluções eternas para situações altamente complexas. Não, não há ‘abracadabra’ que nos valha… E mesmo sabendo que varrer as coisas para baixo do tapete apenas esconde os problemas, seguimos como se não fosse nada connosco. Acordai! É mesmo connosco, com todos e com todas, todos os dias, em qualquer parte do planeta. Indignai-vos. Talvez todos juntos, sem fungagás, se consiga ganhar a oportunidade que os imigrantes nos trazem, em vez de continuarmos a perder tempo a lamentar os problemas que nós (sim, nós, os tais que já cá estavam e que dizem estar na “sua terra”) provocamos e justificamos com a presença deles!

Traição à pátria?! Traição à pátria é não é ter opinião, é encarneirar e fingir que o problema não é nosso. Os nossos filhos e netos não merecem isso. E de nós dependem coisas bonitas como as que Sophia nos deixou. E, hoje, crente que ainda não atingimos o tal ponto de não retorno, deixo-vos a Cantata da Paz. É poema para ser cantado, é declaração de amor para ser praticada! Esta e todas as semanas. Para sempre, por favor.

Até à próxima.

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