Vemos, ouvimos e lemos. Não podemos ignorar!

Pontes & Muros, 22 de abril de 2024

Em contramão, não travaram, antes pelo contrário… Aceleraram!

Com um “alguém errou e não foi o governo”, Hugo Soares juntou-se a Assunção Esteves e a Mário Centeno, ela com o “medo” de um “inconseguimento” estar no “centro de decisão fundamental” e ele com os “erros de perceção mútuos”.

Da esquerda à direita, dos mais mediáticos aos mais ilustres anónimos, da assembleia da república à tasca aqui da terra, algumas das classificações usadas foram: embuste, ambiguidade, fraude política, falta de clareza, lapso, equívoco, artifício argumentativo, aldrabice, treta, desarmonia, mal-entendido, episódio que não correu bem, dano de reputação, perda de credibilidade, não foi brilhante, propaganda, ilusão, engano, retoque, cosmética, choque de desfaçatez, retórica fiscal criativa, cativação da verdade. Opções para todos os gostos.

E, no meio de toda esta barafunda, lembremos o mais importante. Apesar de ser sempre a primeira culpada apontada publicamente, a comunicação nunca é, na verdade, o erro fatal. São sempre as políticas e, de certa forma, uma qualquer sensação de impunidade narrativa em que vale tudo menos tirar olhos. Há, pois, um mês depois da tomada de posse e pelo menos uma dúzia e meia de mil e quinhentos milhões de motivos para não confiar na direita. Nesta direita.

O único facto “verdadeiro e indesmentível” é que o Primeiro-Ministro e, já agora, o Ministro de Estado e das Finanças quiseram fazer um brilharete com “as calças do pai”, sem perceberem que não havia bainha que lhes valesse aos olhos da sabedoria popular e, claro, de quem, hoje na oposição, foi pai e dono das calças.

Afinal, o governo “vai nu” e, quando as calças caíram, a mensagem deixada foi clara: “não contem connosco para cumprir o que prometemos”. Perante tamanha falta de jeito para costurar boas políticas e a vergonhosa ousadia que foi vestir um disfarce, que a nossa resposta possa ser “então não contem connosco para confiar”.

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